Platão (428/7-348/7 a. C) é marcado em
toda a História da Filosofia como sendo um grande propagador das ideias de seu
mestre, o também filósofo Sócrates (470/469-399 a. C). A sua obra literária,
constituída de diálogos, tem Sócrates como o personagem principal, sempre
envolvido em discussões com os mais diversos tipos de pessoas da Grécia. Deste modo,
fica difícil estabelecer um ponto onde termina o pensamento socrático e onde se
inicia o pensamento de Platão. Porém, no momento em que Platão inicia sua
discussão sobre a noção de ideia, como essência da coisa em si,
independente do intelecto e de todas as outras coisas, o seu pensamento começa
a tomar ares de algo próprio. Platão
inicia com este estudo, um método de pesquisa de característica matemática,
colocando um princípio e aceitando aquilo que está de acordo com ele,
rejeitando o que está em desacordo com este mesmo principio. Segundo Sócrates, esta
é uma “ação de geômetra”, que propõe hipóteses das quais se extrai as consequências lógicas. A “Idéia” para
Platão não representa um simples conceito ou uma mera representação mental. Ela representa uma
causa de natureza não-física, uma realidade inteligível, ou seja, representa
aquilo que o pensamento mostra quando está livre do sensível, constituindo o
chamado “verdadeiro ser”. Um outro termo usado por Platão para representar esta
sua noção de Ideia é Paradigma, ou seja, a Idéia é um modelo permanente
de cada coisa (como cada coisa deve ser). Todas as Idéias existem “em si” e “por
si”, ou seja, não estão relacionadas a nenhum sujeito particular, nem podem ser
moldadas à vontade de ninguém especificamente.
Esta característica permite compreender que
as Ideias não podem ser mais do que realmente são. Isto quer dizer que elas
se mantêm sempre da mesma maneira, puras, imóveis e impossíveis de se tornarem
outra coisa. Por exemplo, a ideia de “Belo em Si” não pode sob hipótese alguma
se tornar feia. Para que algo seja considerado feio, deve estar incluído apenas
na Ideia de “feiúra”. As Ideias habitam uma esfera própria, mantendo suas
características de unidade, pureza e imobilidade. Mas elas se manifestam em um
outro plano, no das coisas sensíveis, ou seja, no nosso mundo. A partir de então,
tem-se uma dualidade de mundos na filosofia de Platão no que diz respeito às
coisas que existem e que podem ser
conhecidas. Estes dois mundos são conhecidos
pelos nomes de Inteligível (das Ideias) e Sensível (das Representações). O período
da vida filosófica de Platão em que aconteceu esta descoberta do inteligível, e
consequentemente, a sua relação com o sensível, é conhecido pelo nome de Segunda
Navegação. Trata-se do abandono de Platão em relação aos estudos unicamente
voltados aos sentidos e às coisas.
Olá Maria Teresa
ResponderExcluir,” Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens da realidade inteligível.”
Marilena Chauí define o pensamento socrático, para quem "o mundo sensível é uma sombra, uma cópia deformada ou imperfeita do mundo inteligível das idéias ou essências".
ResponderExcluirO mundo material, assim, somente se torna compreensível através da hipótese das idéias, mas tal afirmativa deixa em voga um problema, já que a existência do mundo das idéias não basta a si mesmo. É necessário admitir um conhecimento das idéias incorpóreas que antecedem o conhecimento fornecido pelos sentidos, que por sua vez, somente alcançam o corpóreo.